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quarta-feira, 30 de março de 2011

Potencial do mercado chinês é pouco explorado por empresas brasileiras

Durante workshop na Fiep, consultor apontou caminhos para que a China seja vista como parceira comercial e não como inimiga

Muito além de um inimigo a ser combatido, a China pode representar grandes oportunidades de negócios para empresas brasileiras. A afirmação é do consultor Elias Antunes, especialista em mercado asiático, que na terça-feira (29) participou do workshop “A concorrência chinesa é invencível?”. No evento, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), Antunes apontou a falta de conhecimento sobre a realidade chinesa como um dos empecilhos para que os empresários brasileiros ampliem suas relações com o país asiático.


O consultor admite que a concorrência chinesa, que vem preocupando diversos segmentos industriais brasileiros, é realmente agressiva. “Os estragos causados à indústria de várias partes do mundo atestam a dureza da concorrência chinesa. A China era considerada a ‘fábrica do mundo’ quando se tratava de produtos baratos, mas hoje não é só isso”, diz.

Para Antunes, as empresas brasileiras devem estar atentas ao mercado internacional. Ele ressalta que o aumento de qualidade observado na produção chinesa nos últimos anos – aliado ao baixo preço oferecido pelos asiáticos – interfere na disputa pelas exportações para outros países. “A China desestabilizou a relação do Brasil com diversos parceiros tradicionais. Nos Estados Unidos e na Europa, o aumenta da qualidade dos produtos chineses já faz com que eles ocupem espaços antes pertencentes aos artigos ‘Made in Brazil’”, explica Antunes.

Além disso, ele afirma que Brasil deve se preparar adequadamente para neutralizar a concorrência chinesa dentro do território nacional. “Nossos empresários muitas vezes estão preparados, mas o País não está. A China defende os empregos de seus cidadãos, mas no Brasil isso nem sempre acontece”, afirma.

Mesmo com esse cenário, o consultor afirma que a China não deve ser vista como vilã do comércio internacional. “Não devemos ser pró ou contra a China, mas a favor dos nossos negócios”, declara. “O que precisamos é estudar para conhecer melhor a China e aproveitar o potencial do país. A China insere 30 milhões de pessoas a cada ano em seu mercado consumidor. Não podemos tratar esse mercado como inimigo”, acrescenta.

Segundo Antunes, a voracidade dos consumidores chineses é o caminho para que a indústria brasileira se aproveite do intercâmbio comercial com a China. “Temos que olhar para o que a China importa. Devemos aprender com os países que são grandes exportadores para a China, como Japão, Coreia do Sul e Alemanha: é preciso vender produtos que não são feitos pelos chineses. Essa é uma visão de médio e longo prazo, mas se não começarmos agora, daqui a 10 anos a situações será pior”, justifica.

Para isso, Elias Antunes afirma que é necessário aprofundar os conhecimentos sobre a realidade chinesa. “Muitas vezes esse grande potencial não é explorado por desconhecemos ou por conhecemos pouco o mercado chinês, por temos uma visão superficial de suas particularidades, por termos feito uma análise inadequada ou por não adotarmos a estratégia apropriada para entrar nesse mercado”, diz o consultor.

Preparação – O vice-presidente da Fiep, Rommel Barion, que fez a abertura oficial do workshop, destacou a importância do tema. “É um assunto de grande relevância, já que a China vem tirando fatias significativas do mercado internacional de vários produtos brasileiros, que ainda sofrem no mercado interno com a invasão de produtos chineses”, disse. “Os chineses são hoje nossos maiores parceiros comerciais, mas o Custo Brasil torna o ambiente hostil para a venda de produtos manufaturados brasileiros, o que acaba gerando empregos na China”, completou.

Barion ressaltou ainda o papel que a Fiep exerce na preparação de empresários paranaenses que querem aproveitar oportunidades de negócios com a China. “O Centro Internacional de Negócios da Fiep possui uma gama enorme de serviços para auxiliar as empresas na sua internacionalização. Para a China, o CIN organiza duas missões por ano, possibilitando aos empresários conhecerem a principal feira comercial do país”, afirmou.

A coordenadora do CIN, Janet Pacheco, acrescenta que a Fiep possui um acordo de cooperação com a subseção da província de Zhejiang do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT, pela sigla em inglês). “Em novembro passado, uma comitiva da Federação esteve em Zhejiang e retomamos essa parceria. Em agosto, vamos receber uma comitiva de aproximadamente 80 empresários chineses que vêm ao Paraná em busca de ampliação das relações comerciais e prospecção de investimentos no Estado”, explica.
Crédito da foto: Gilson Abreu/Fiep
Fonte: Comunicação Social do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP

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