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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Produção de amido de mandioca cresce 12% em 2008

A produção de amido / fécula de mandioca do ano passado foi 12% superior ao ano 2007. É o que revela a análise preliminar do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, relativas ao comportamento do mercado em 2008. Conforme o Cepea, o mercado da mandioca viveu um ano de estabilidade de preços, se comparado a outras commodities agropecuárias, que tiveram oscilações consideráveis. Para o Presidente da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Ivo Pierin Júnior, há tendência de os preços do setor se manterem estáveis este ano, ou até reduzirem.
O comportamento do mercado, conforme Pierin Júnior, deverá se definir a partir dos preços do trigo e, principalmente, do milho, que concorre com a mandioca no segmento de amidos. Ele acredita, no entanto, que com a quebra na safra argentina de trigo prevista para este ano e o aumento das exportações de milho, haverá aumento do consumo de amido de mandioca no Brasil. “A produção argentina de trigo deverá cair de cerca de 15 milhões de toneladas para menos de 9 milhões de toneladas, em função da gravíssima redução da produção, motivada pela seca, em associação com outros problemas internos daquele país”, reflete.
Em relação ao milho considera Pierin Júnior que os estoques elevados e o câmbio favorável incentivaram o aumento das exportações do grão a partir do final do ano passado. “Com preços remuneradores - mais altos no mercado externo, os produtores decidiram exportar”, analisa ele, dizendo que estes dois fatos podem mudar a perspectiva de queda atual de preços para a mandioca para uma situação de estabilidade. Em relação ao segmento de amido de mandioca a expectativa é que o preço se mantenha estável.
Ele lembra que no primeiro semestre do ano passado, com os preços do milho e trigo altos, o mercado apresentou perspectiva de aumento. No segundo semestre houve um desequilíbrio, sendo que os preços do milho chegaram a cair mais de 40%. Com isso, os consumidores se voltaram a essas matérias-primas, cujos preços estavam mais competitivos.
O consumo no mercado de fécula / amido de mandioca também cresceu em 2008, mesmo concorrendo diretamente com os atrativos preços do amido de milho. Conforme o Cepea, o setor alimentício foi responsável por boa parte do consumo do amido de mandioca comercializada ano passado.
A remuneração no setor da mandioca é avaliada como positiva pelo Presidente da ABAM, “principalmente para os produtores”, destaca ele, salientando que a cotação cobriu os custos de produção e garantiu renda ao agricultor. O preço médio mensal da tonelada do amido de mandioca, calculado pelo Cepea, foi de R$ 999,82, ficando apenas 1,9% inferior ao ano anterior. “Se considerarmos a queda do preço do milho, por exemplo, percebemos que o setor da mandioca manteve equilíbrio”, considera Pierin Júnior.
De acordo com os dados do Cepea, a produção também aumentou no ano passado, resultando em crescimento na renda bruta do segmento. Nas regiões acompanhadas pelo Centro, o preço médio real – descontada a inflação pelo IGP-DI – da raiz para indústrias de amido de mandioca foi de R$ 165,53/t no ano passado, valor 3,4% superior ao ano anterior (2007), que foi de R$ 160,08/t, e a maior dos últimos quatro anos.
Os preços altos da mandioca levaram a um maior plantio no ano passado, enquanto que o plantio de milho teve sua área reduzida, com queda de produção agravada pela ocorrência de secas na Região Sul do País. Os estoques altos desestimularam novos plantios do grão. O Brasil produziu ano passado 26,6 milhões de toneladas de raiz de mandioca, e deverá repetir este volume neste ano.
De acordo com reflexões dos economistas do Cepea, as estimativas do Banco Central apontam para menor crescimento do PIB brasileiro este ano: aumento de 2,0%. Se isto acontecer o consumo deverá se equiparar ao ano passado, sendo que entre os principais segmentos consumidores estão as indústrias alimentícias, que, segundo o Cepea, podem elevar o consumo de amido de mandioca, a exemplo do que aconteceu no ano passado. O mesmo não deverá acontecer com o setor de papel e papelão, que está sendo afetado pela crise internacional.
Sobre a concentração de empresas, o Cepea indica que o índice deve se manter estável em relação a anos anteriores. O atual cenário não aponta para a entrada de novas empresas no setor, nem expectativa de aumento da capacidade instalada das unidades em operação. Contudo, as empresas existentes devem se manter no mercado, não havendo previsão de fechamento de fábricas de amido de mandioca no Brasil.
Fonte: ABAM

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